O obsessivo e exigente Bernardinho pediu para seus jogadores relaxarem antes de uma das situações mais complicadas que enfrentou em 15 anos à frente da seleção.
Parecia contraditório vindo do treinador que transformou o patamar da equipe graças a muito treino, bronca e busca por perfeição. Mas era a única cartada que restava.
E foi assim, relaxada, que a equipe conseguiu chegar à quarta final seguida em Olimpíadas. Neste domingo, encara a Itália às 13h30, no Maracanãzinho.
A ordem para os atletas relaxarem foi dada na última partida da primeira fase, contra a França. O time estava com a corda no pescoço e uma derrota significaria o pior desempenho nas mãos de Bernardinho. Não havia mais o que fazer.
Os atletas só precisavam ter paciência para jogar e lidar com seus pontos fracos. Um caminho diferente daquele traçado nos últimos quatro ciclos olímpicos.
O treinador assumiu o time em 2001 e transformou a forma de trabalho da equipe. Além disso, contava com uma geração de atletas como Giba, Nalbert e Gustavo, que levou ao bi olímpico em Atenas-2004 -em Barcelona-1992, o Brasil havia obtido seu primeiro ouro.
O time nacional passou por transições, repôs peças com eficiência e foi ainda a mais duas finais: duas pratas.
Chegou ao Rio, no entanto, com a geração menos brilhante de todos esses anos. Bernardinho não conseguiu encontrar jovens talentos que pudessem substituir os medalhões que saíram à altura e acabou fazendo uma renovação às avessas, com atletas mais velhos que tiveram pouca chance em ciclos anteriores, como o oposto Evandro, 34, e o ponteiro Lipe, 32.
O caso mais emblemático foi o resgate do líbero Serginho, 40, chamado após três anos de aposentadoria da seleção, pela qualidade e porque é um líder nato.
Depois de dois vices em 2014, do Campeonato Mundial e da Liga, o time ficou apenas em quinto lugar na Liga de 2015 e ligou um sinal de alerta. Chegou ao Rio sob muitas dúvidas e fez uma primeira fase sofrível.
Foi bem nesse momento mais agudo que Bernardinho pediu aos jogadores para relaxarem. E deu certo. Venceram a França e passaram pela Argentina nas quartas. Na semi, contra a Rússia, começaram achando que furariam o bloqueio rival na base da força. No primeiro ataque que parou no paredão, Serginho deu uma bronca em Lipe. "Falei que não era na força. Precisávamos ter paciência."
Não é o melhor time, não são os jogadores mais brilhantes, mas com jeitinho, a seleção brasileira aprendeu a se manter no topo. Falta um degrau.
Fonte: UOL / Edição: Tribuna de Parnaíba
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