Por: Fernando Gomes, sociólogo, eleitor, cidadão e contribuinte parnaibano.
Inevitavelmente à medida que se aproxima o pleito eleitoral de 2016 as conversas vão sendo tomadas pelo tema da sucessão municipal de Parnaíba. Fala-se em alguns nomes que aqui evito citar, mas quero fazer uma provocação maior: qual é o plano desses pré-candidatos? Qual é a discussão que travam para trabalhar em favor da cidade e da sua gente? Eles já ocuparam cargo público? O que fizeram em favor do povo?
Poucos nomes figuram até agora. A verdade é que faltam nomes. Faltam nomes bons e planos que zelem pelo bem comum. Um fenômeno aponta que poucos novos líderes se formaram ao longo da história parnaibana. Notadamente alguém das ditas famílias tradicionais ou por elas apontadas chegaram ao poder.
Nas últimas décadas tivemos os casos de Zé Hamilton e Florentino Neto, onde o primeiro não tinha expressão nenhuma ao ponto de ascender à chefia do Executivo, mas foi o escolhido por Mão Santa, prefeito da época, como seu candidato à sucessão, contrariando algumas lideranças do grupo. Zé Hamilton foi vitorioso e logo no início do mandato rompeu com o seu mentor, tornando-se o seu algoz até hoje.
Florentino Neto, avesso à política como ele mesmo sempre fez questão de dizer, intitulou-se como técnico, tem uma história política parecida, jamais seria eleito a nada não fosse o apadrinhamento de Zé Hamilton. Este o colocou como seu vice-prefeito de 2009 a 2012 e em seguida elegeu-o prefeito para o mandato até 2016. O que há de comum nessas histórias? Como o poder se instalou com nomes que jamais se elegeriam sós? Qual o seu legado? A “criatura” se voltará contra o seu “criador” novamente?!
Em comum a força política dos gestores que, estando no poder, portanto, com a “máquina administrativa” patrocinaram tais projetos. Soma-se a isso a falta de credibilidade da política que afasta muita gente boa da possibilidade de envolvimento com as causas coletivas no âmbito do processo eletivo.
O legado? Este é marcado pela distância dos interesses da sociedade, pela falta de controle e de participação social, politicagem barata e diversas denúncias de mau uso do dinheiro público. Governos medíocres que usurparam o poder com acintoso uso da máquina pública leia-se o processo de eleição e reeleição dos dois. Sim, pois o atual prefeito usa toda a força dela buscando repetir o seu mandato.
Seus governos foram falhos e como gestores não devem nada aos líderes tradicionais que se locupletaram do cargo para agirem em benefício próprio. Não cito a mesma corrupção d’antes, voraz e desmedida. Mas, sem dúvida fizeram uso de mecanismos não lícitos para chegar ou permanecer no poder.
Afinal distribuir cargos comissionados a apoiadores é ou não corrupção?! Beneficiar empresas e prestadores de serviços pelo critério de pertencer ao grupo político seria lícito?! Qual a diferença entre embolsar o dinheiro para engordar a conta bancária pessoal e usar o erário para promover a manutenção do poder? A rigor, é a mesma coisa. Corrupção é corrupção e caracteriza-se como a raiz de todos os males.
Fala-se de um rompimento entre os dois. Estão descontentes, “criatura” e “criador”, mas nada que seja motivado pela inércia dos serviços públicos. Tudo no plano dos seus projetos políticos pessoais. A razão e a pauta da união nunca foi o bem-estar social. Igualmente, se romperem não será pela cidade!
O atual modelo político-administrativo é um fracasso retumbante: milhares de pessoas estão em condições de subnutrição e outras tantas vivem na miséria. Todas à espera de um “governo” que promova o bem-estar. Não há uma política pública emancipatória, quando muito se apoia no “Bolsa Família”. Esmola!
Perdoem-me os pobres de espírito e dependentes de migalhas do poder público que, pagos indevidamente, não aceitam esta crítica como justa, necessária e útil à sociedade e à gestão pública. À sociedade, pelo despertar à reflexão de alguns temas. E, à gestão pública, pela ferramenta que se poderia tornar caso os administradores pensassem de fato na coletividade.
Não exige muito da nossa capacidade de raciocínio se voltar os olhos há um pouco mais de meio século atrás, quando o notável Aldous Huxley embasou seu trabalho “Regresso ao Admirável Mundo Novo” a partir dos fatos documentados da época, dos estudos e descobrimentos psicanalíticos e científicos, da evolução industrial, da ascensão tecnológica, do pós-guerra, das análises sociológicas, derivados do século XX e da cultura ocidental, e isso tudo no ano de 1959, ano de lançamento do livro.
Neste livro, o autor defende a necessidade de a raça humana educar-se em liberdade, antes que seja muito tarde. Aldous Huxley expõe-nos os aspectos da vida moderna de forma irônica, faz análises sobre os limites da desumanização e do artificialismo a que poderia chegar a sociedade capitalista tecnológica.
O autor mostra os meios e processos de uma evolução da forma milenar do "pão e circo", utilizada por imperadores romanos, em favor de um poder supostamente democrático para manipular e conduzir o povo. Entre os métodos citados, estão: o uso do poder da sugestão, que pode ser da forma branda usada no marketing ou da forma traumática, usada nas ditaduras, ou o fornecimento da "felicidade" através do sexo livre, conforto, comodidade da sociedade de consumo, além das diversões baratas e fugas da realidade por meio das drogas. Qualquer semelhança com os dias atuais terá sido mera coincidência...
Edição Tribuna de Parnaíba
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