Lula era o 'comandante máximo' do esquema da Lava Jato, diz MPF. Procuradores detalham acusações em entrevista nesta tarde.
O Ministério Público Federal (MPF) denunciou nesta quarta-feira (14) o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a mulher dele, Marisa Letícia, e mais seis pessoas no âmbito da Operação Lava Jato. O procurador Deltan Dallagnol afirmou que o Ministério Público reuniu provas que indicam que Lula era o "comandante máximo do esquema de corrupção identificado na Lava Jato".
Segundo o procurador, Lula recebeu R$ 3,7 milhões em propinas, pagas de forma dissimulada. Dallagnol afirmou que há 14 conjuntos de evidência contra o ex-presidente. A denúncia diz que todo o mega esquema envolve o valor de R$ 6,2 bilhões em propina, gerando à Petrobras um prejuízo estimado em R$ 42 bilhões.
Veja quem foi denunciado
Luiz Inácio Lula da Silva - ex-presidente
Marisa Letícia - mulher de Lula
Léo Pinheiro - ex-presidente da OAS
Paulo Gordilho - arquiteto e ex-executivo da OAS
Paulo Okamotto - presidente do Instituto Lula
Agenor Franklin Magalhães Medeiros - ex-executivo da OAS
Fábio Hori Yonamine - ex-presidente da OAS Investimentos
Roberto Moreira Ferreira - ligado à OAS
Os crimes imputados a ele são corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro.
'Propinocracia'
"O petrolão era parte de um quadro muito maior", disse Dallagnol, afirmando tratava-se de uma "propinocracia", que seria um governo regido por propinas. Segundo ele, um cartel de empreiteiras conseguia contratos com a Petrobras e pagava valores indevidos a operadores financeiros, funcionários da estatal e políticos. "No centro do núcleo político está o senhor Lula."
“Mensalão e Lava Jato são duas faces da mesma moeda”. Segundo Dallagnol, são esquemas de corrupção para alcançar a governabilidade corrompida, perpetuar o poder do PT de forma criminosa e promover o enriquecimento ilícito.
Deltan Dallagnol afirmou ainda que o petrolão não estava restrito à Petrobras, mas, de acordo com evidências, também envolvia a Eletrobras, os ministérios do Planejamento e da Saúde, a Caixa Econômica, entre outros órgãos públicos.
Segundo ele, só era possível obter um cargo alto na Petrobras quem aceitasse participar do esquema e receber propina. "A distribuição de cargos no governo era feita, conscientemente, com fins arrecadatórios. Quando Lula assumiu o governo em 2003, tinha apoio de 254 deputados. Após [Lula] adotar uma política de distribuição de cargos, que envolvia mais de 18 mil cargos de confiança, em maio de 2003, a base aliada era composta por 353 deputados."
"Só o poder de decisão de Lula fazia a estratégia de governabilidade corrompida viável. Lula estava no topo da pirâmide do poder, competindo-lhe nomear os altos cargos da administração pública federal. [...] Sem o poder de decisão do Lula, este esquema seria impossível." O procurador falou sobre o papel do ex-presidente na nomeação de gerentes e diretores da Petrobras, como Paulo Roberto Costa, Nestor Cerveró e Renato Duque, que foram presos na Lava Jato. "Lula nomeou diretores para atender interesses do PP e do PMDB", afirmou, citando Jorge Zelada.
"Há muitas evidências de que esse esquema era partidário, sendo gerenciado primordialmente pelo Partido dos Trabalhadores", afirmou Dallagnol, citando vários delatores do esquema como Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef.
O procurador falou sobre o enriquecimento ilícito de pessoas ligadas ao PT, como o ex-ministro José Dirceu, que teria recebido R$ 15 milhões.
Fonte: G1 / Edição: Tribuna de Parnaíba
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