Executivos da Odebrecht estão negociando acordo de delação premiada com a Justiça americana, apurou o Valor. A negociação é uma das tentativas de salvar a empresa dos processos criminais a que estará sujeita depois de admitir participação em casos de corrupção nos acordos de delação e leniência no âmbito da Operação Lava-Jato no Brasil.
As tratativas são pontuais. Ou seja, não serão vários a delatar nos Estados Unidos. No Brasil, cerca de 70 executivos do grupo negociam acordo com o Ministério Público Federal.
Fechar acordo com os americanos também pode ajudar a empresa a conseguir algum tipo de negociação com credores internacionais cujos contratos possuam cláusulas de governança que permitam cobrança imediata de dívidas, ou seja, a partir do momento em que a empresa admite corrupção, ela fica sujeita a ter execução imediata de sua dívida. Fontes ouvidas pela reportagem disseram que esse foi um dos motivos pelos quais a empresa relutou em decidir fazer acordos com o MPF.
As investigações conduzidas pelos americanos têm o maior potencial de golpear as empresas investigadas na Lava-Jato, tanto Petrobras como Odebrecht. O rol de obras que a empresa tem no exterior e o estrago potencial que os depoimentos podem fazer, caso incluam agentes públicos de outros países em esquemas de corrupção, pode elevar a operação a um nível de visibilidade global.
No Brasil, os acordos de delação estão adiantados. Até esta sexta-feira cerca de dez executivos delatores do grupo Odebrecht devem entregar as propostas de depoimentos - anexos da delação - para os procuradores da Operação Lava Jato, apurou a reportagem.
Alguns potenciais delatores já entregaram o material e agora estão na fase de negociar os pontos exatos sobre o que vão falar. Os depoimentos oficiais devem começar em agosto, depois que os acordos forem assinados.
A Odebrecht não comentou o assunto. Na quarta-feira, Emílio Odebrecht, maior acionista do grupo e pai de Marcelo Odebrecht, ex-presidente da companhia preso desde junho do ano passado, fez um discurso para funcionários no qual admitiu que a empresa cometeu erros.
Fonte: Valor Econômico
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