Um fenômeno raro, conhecido como tromba d’água, foi registrado na tarde deste sábado (12) na Praia de Atalaia, na cidade de Luís Correia.
O vídeo, de autoria de Magno Aguiar, chegou ao professor de climatologia da UESPI, geógrafo Werton Costa. Por telefone ele explicou que o fenômeno é semelhante a um tornado, mas de menor proporções no que diz respeito a velocidade.
“Tivemos acesso a este vídeo e já iniciamos um estudo sobre o que ocorreu em Luís Correia. Realmente registramos que havia um clima de instabilidade atmosférica, com muita nebulosidade. Tem-se assim o primeiro registro de tromba d’água no Piauí. Um fenômeno raro”, explicou.
Assista como foi o fenômeno:
Werton disse que a tromba d’água não chega a causar os mesmos estragos de um tornado, mas pode danificar embarcações. “Esse tipo de fenômeno ocorre de maneira pontual. Basicamente no Sul do País. Existem algumas manifestações no Rio Amazonas, houve uma bastante conhecida em Recife. Mas é tão raro no País que contamos. Uma tromba d’água como essa chega a no máximo 80km por hora. Apesar da semelhança a um tornado, não causa os mesmos estragos, mas se houver embarcações no mar, é preocupante. Felizmente não houve qualquer ocorrência, já que não há embarcações na Praia de Atalaia, mais frequentada por turistas”.
A tromba d’água é, segundo Werton, um verdadeiro tubo formado de nuvem. “Ela pode sugar a água do mar ou de um lago durante períodos de mais de meia hora. Tromba-d”água é um redemoinho de diâmetro reduzido, ou massa de nuvem formada de ar e névoa aquosa, que rodopia sobre um lago ou oceano. Quando ocorre sobre terra firme, a tromba-d”água recebe a denominação de tromba terrestre ou tornado; quando ocorre no mar, pode chamar-se tromba marinha. Constitui uma espécie de tubo semicônico formado em nuvem tempestuosa, dirigido para baixo e que, quando se aproxima da superfície do mar, provoca a agitação da água. Surge então na superfície uma protuberância que acaba por unir-se à coluna descendente, formando a tromba. O tubo pode atingir um comprimento considerável e o fenômeno dura, em geral, trinta minutos ou mais. O ar sopra com violência, circular ou espiralmente, em torno do tubo, até que a coluna se rompe e cai sobre o mar ou recolhe-se à nuvem. Em geral, as trombas-d”água ocorrem nas regiões tropicais e, em condições de instabilidade de tempo, podem se tornar violentas. Nesses casos, provocam fortes ventos e podem ameaçar a navegação. No mar ou nos lagos, as trombas-d”água sempre ocorrem na estação quente”.
De maneira técnica ele elenca as condições para causa do fenômeno:
1- Em geral, uma tromba-dágua surge a partir de enormes nuvens de tempestade, que podem ter mais de 12 quilômetros de altura e 10 quilômetros de diâmetro. Para que o fenômeno aconteça, correntes de ar quente devem carregar bastante umidade para camadas mais altas da atmosfera;
2- Em estações de clima ameno sobretudo na primavera as correntes de ar quente e úmido que sobem do mar se chocam com o ar frio e seco das camadas elevadas. Dentro da nuvem, o contato entre as correntes faz surgir uma espiral de ventos. Dependendo da força das correntes, a espiral aumenta de tamanho;
3- Quando a intensidade das correntes é grande, o turbilhão de ventos se expande e atinge a superfície do mar, soprando gotículas de água para dentro da espiral. Impulsionado pelas rajadas da baixa atmosfera, o tornado oceânico molhado com até 1 quilômetro de altura e 100 metros de diâmetro avança rumo ao continente;
4- Os efeitos mais perigosos das trombas-dágua ocorrem quando a espiral se desloca pelo mar. Ventos superiores a 60 km/h podem surpreender pequenas embarcações, virando canoas e barcos a remo. Mas, como o turbilhão avança a pouco mais de 20 km/h, navios com motor conseguem desviar facilmente da rota da tempestade];
5- Quando chega ao continente, a tromba-dágua entra em contato com as construções do litoral, provocando uma chuva rápida e intensa. A tempestade não costuma causar inundações, porque os pingos caem ao longo de toda a trajetória da espiral, e não em uma única área. Os ventos também não são tão fortes: no máximo, podem derrubar galhos de árvores e destelhar casas;
6- Depois do atrito com a terra firme e com as construções da orla, a maioria das gotículas de água já caiu no continente. Os ventos também perdem força e a tromba-dágua começa a se dissipar. Todo o processo é bem rápido: a maioria dos tornados oceânicos não costuma durar mais que 20 minutos.
Fonte: O Olho / Edição: Tribuna de Parnaíba.com
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