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Os tempos são outros, os erros os mesmos!

By Redação - segunda-feira, 11 de maio de 2015 No Comments

Por: Fernando Gomes, sociólogo, eleitor, cidadão e contribuinte parnaibano.

Tenho adotado uma postura de coerência crítica em relação ao modelo administrativo de Parnaíba. Sou avesso ao estilo atual por uma simples razão: as práticas são as mesmas da política tradicional. Com um agravante: escamoteiam a realidade. Já disse que não é nada de pessoal contra a pessoa do gestor ou dos seus auxiliares. É que não dá para suportar o discurso hipócrita!

Eles se zangam, mas antes de tudo, deviam efetivar o discurso da humildade sobre a capacidade de governar com os olhos na realidade, em correspondência com as tendências e os movimentos da vida social vigente. Em segundo lugar, ter a capacidade de governar com o propósito de eliminar a pobreza e desarmar a vasta rede de desigualdades e injustiças sociais. Governar, neste sentido, é fundar uma nova dinâmica e uma nova articulação governo-sociedade: o governo que governa não é o governo dos "decisionistas" e dos líderes determinados, que "impõem" à sociedade um dado programa de ação; é, ao contrário, o governo que sabe entrar em sintonia com as tendências e forças da sociedade para com elas implementar um audacioso programa reformador: é o governo capaz de conseguir parceiros e aliados, base de sustentação e recursos de poder. Era o que se esperava e lá se vão quase 30 meses...

A minha postura trata-se de uma responsabilidade como cidadão que percebe a contribuição que pode dar sendo exposto nos seus posicionamentos, mesmo que às vezes mal interpretado. 

Àqueles que não entendem a crítica lhes digo que não se deve ter raiva da crítica ou do seu formulador. A responsabilidade com que faço os meus escritos deveria ser bem recebida pela municipalidade, mas infelizmente não é encarada como contribuição.

Faço minhas as palavras do saudoso Paulo Francis que disse certa vez: “Dizem que ofendo as pessoas. É um erro. Trato as pessoas como adultas. Critico-as. É tão incomum isso na nossa imprensa que as pessoas acham que é ofensa. Crítica não é raiva. É crítica. Às vezes é estúpida. O leitor que julgue! ”.

Não se deve fazer política com o “fígado”, política se faz com o “coração”. O objetivo deve ser o bem comum. Quem está participando da execução do panorama administrativo, sem dúvida, percebe menos. Mais percepção tem aquele que está fora da gestão e que observa e emite sua percepção com responsabilidade. 

A ética é a ciência do comportamento, logo os homens e as mulheres que ocupam cargo público devem ter um comportamento compatível com os anseios populares. O gestor comprometido por certo há de agradecer a crítica.... Um povo desatento, a falta de crítica gera um governo despótico.

Não sou inimigo, sou adversário. Fiz campanha em 2012 contestando o modelo administrativo que o atual prefeito estava inserido e que dava claros sinais de que iria permanecer na mesma linha. Dito e feito. Continua uma gestão apática, pouco participativa e alienada. Não faço guerra, adverso.

Em política, entendo que o agente público deve ter uma linha de ação em favor do bem-estar social, pautada numa conduta que deve ser ética e coerente. Fiz a opção do contraponto, lá atrás, quando saí do PT por não concordar com algumas práticas e posturas do grupo mandatário local.
O meu papel, diferente do que alguns pensam, tem amparo naquilo que julgo ser primordial em política: a missão de servir e não dela se servir! O sociólogo alemão Max Weber em 1919, portanto há quase cem anos, já diferenciava dois tipos essenciais de políticos: os que vivem para a política e os que vivem da política. O que vive da política é aquele que não possui recursos materiais para a sua subsistência para além dos recursos provindos da própria atividade política. São muitos às nossas vistas...

Já o político que vive para a política representaria o tipo ideal no âmbito de atributos do político vocacionado, pois sua independência diante da remuneração própria da atividade política significa, também, uma independência de seus objetivos no decorrer da vida pública. Poucos, mas existem!

Em Parnaíba temos os dois tipos bem caracterizados. Os que compõe o primeiro grupo protagonizam papéis que produzem uma inversão de valores na cidade. Muitos estão engalfinhados na administração, direta ou indiretamente. Esta gestão que não tem a preocupação de chegar a algum lugar. A não ser a manutenção do status quo da política coronelista que ainda reina, embora travestida, mas coronelista. A administração não toca nas feridas sociais, apenas encosta de leve. Quando muito discursa e inebria as pessoas que se deixam contagiar pela falácia, dissolve a dramaticidade que cerca a vida cruel da maioria das pessoas e foge desse ângulo. A rigor, não trata da vida da cidade, superficialmente maquia o seu exterior. E o povo? Ah, o povo bom e ordeiro, aplaude o bom moço!

Laços com o passado impedem os avanços desejados no presente e para o futuro. A gestão trata os críticos como seres doentios, quase aberrações. Perde um pouco de sua contundência por diluir aquilo que mais importa: governo do, pelo e para o povo! Os tempos são outros, os erros os mesmos!!!

Edição Tribuna de Parnaíba
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